PROJETO JORNADA ECOLOGIA E ESPIRITUALIDADE
Inscrições abertas para a 2ª Jornada Ecologia e Espiritualidade em Aracaju.
2ª Jornada Ecologia e Espiritualidade 2012
21 a 23 de Setembro
Realização: Ação Cultural e Paróquia São Pio X
Patrocinio: Fundo Nacional de Solidariedade/Cáritas Brasileira/CNBB
Apoio: Arquidiocese de Aracaju, Paulinas, Rádio Cultura, Gráfica Farias, Instituto Federal de Ensino e Centro Educacional Futuro Feliz
FICHA DE INSCRIÇÃO
Sol de Primavera (Beto Guedes)
“Quando entrar setembro
E a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão
Quero ver brotar o perdão
Onde a gente plantou, juntos outra vez
Já sonhamos juntos
Já sonhamos juntos
Semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz no que falta sonhar”
Quero ver crescer nossa voz no que falta sonhar”
O projeto da II Jornada Ecologia e Espiritualidade (JE), busca articular e contribuir no processo de formação politico pedagógica de uma rede de ativistas e educadores ambientais que considerem de forma integrada, a arte, a cultura, a ciência, a educação popular e o conhecimento bíblico como bases metodológicas e éticas para a compreensão e comprometimento com as causas ambientais nos tempos atuais.
O projeto é direcionado para agentes e animadores de comunidades, pastorais e movimentos religiosos, além de educadores, agentes culturais e lideres de comunidade e de movimentos sociais.
O projeto será realizado por meio de atividades que já começaram com a avaliação da I Jornada Ecológica em 2011, prosseguindo com a realização de reuniões mensais de planejamento e encaminhamento. A JE ocorrerá no período de 21 a 23 de setembro de 2012 no auditório do Instituto Federal de Ensino (21/09 - abertura-19 horas -) e Centro Pastoral anexo à Paróquia São Pio X, localizada à Av. Visconde de Maracaju, s/n°, bairro 18 do Forte, em Aracaju. (22/09 – 8 ás 17horas e 19h30 ás 24 horas) e (23/09 – 8 ás 12 horas)
A programação da JE-2012 será composta de palestras e oficinas, noite cultural (show musical, apresentações artísticas e roda de danças circulares) e exposição e venda de comidas, CDs, livros e artesanato.
A assessoria da JE 2012, estará a cargo do missionário, cantor , compositor, músico, educador e ecologista Zé Vicente, definido pelo site MPBnet da seguinte maneira: "Um apaixonado por seu povo, sua terra, pátria, planeta, suas raízes sagradas. Através de Shows e das Oficinas de Arte-Vida, Zé Vicente vai sensibilizando pessoas com sua poesia e música criativa , em sintonia permanente com as grandes causas humanas, sociais e ecológicas do nosso tempo.”
Também na assessoria contaremos com a presença do Padre Isaias e Marlene Ribeiro. (Diocese de Propriá).
Nome completo:__________________________________________________
Nome para o crachá:____________________________________________________
Endereço completo: _____________________________________________________________________
Bairro:__________________________________ Cidade: _______________________
CEP:_______________Data de Nascimento: ________________Sexo:____________
Tels: Residencial:______________________Celular:______________________
E-mail:________________________________________________________________
Trabalho Profissional: ___________________________________________________
Religião:___________________________Igreja:______________________________
Entidade/Movimento/Organização: _____________________________________________________________________
Em que atividade religiosa, eclesial, do movimento social, sindical, político, cultural, você participa atualmente??_________________________________________________________
Que responsabilidade você tem neste trabalho?____________________________________
____________________________________________________________________________
Taxa de Inscrição: R$ 10,00(sem almoço) ( ) Com almoço R$15,00 (no sábado e Domingo) ( ).
Data de Inscrição: ______/______/______
Conta para depósito identificado: Associação Cultural – Banco do Brasil -Ag. 2611-5 C/C 27.014-8. No caso de depósito bancário será necessário informar ao secretariado geral do evento através de e-mail e/ou telefone.
Contato: (79) 8107-3513 (Bel) – 8864-5927 (Zezito) – 9836-1945 e 3241-8972 (Irene).
E-mail: jornadaecologica@hotmail.com
http://acaoculturalse.blogspot.com.br/p/jornada-ecologia-e-espiritualidade-em.html
VAGAS LIMITADAS.
Hospedagem: Os participantes do interior que desejarem, serão acolhidos gratuitamente por famílias e comunidades envolvidas no mutirão da Jornada Ecológica, para jantar, dormir e café da manhã. (noite de sábado e domingo de manhã). Neste caso, esta informação deve ser repassada através de e-mail e telefone e por meio de observação nesta ficha.
VAGAS LIMITADAS.
Hospedagem: Os participantes do interior que desejarem, serão acolhidos gratuitamente por famílias e comunidades envolvidas no mutirão da Jornada Ecológica, para jantar, dormir e café da manhã. (noite de sábado e domingo de manhã). Neste caso, esta informação deve ser repassada através de e-mail e telefone e por meio de observação nesta ficha.
copie, cole em word e envie esta ficha para o e-mail acima.
Para cobrir as demais despesas que foram cortadas, como material de divulgação e etc. buscaremos outras parcerias.
Justiça e Beleza se abraçam na obra de Zé Vicente.
Projeto II Jornada Ecologia e Espiritualidade - Edição 2012 é aprovado
O projeto II Jornada Ecologia e Espiritualidade foi aprovado pelo Conselho Gestor do Fundo Nacional de Solidariedade. Confira lista, aqui
Embora tenha sido aprovado com um valor menor do solicitado, R$5.100,00 ao invés do R$7.000,00 solicitado, fica garantido o custeio do principal que é o cachê do assessor/artista, Zé Vicente, passagens aéreas e estadia. O custo de som e a cobertura fotográfica/ vídeográfica foi uma das contrapartidas oferecidas pelo ponto de cultura "Juventude, Cultura e Cidadania" que contará com equipamentos apropriados.
Justiça e Beleza se abraçam na obra de Zé Vicente.
Em 1968 Gilberto Gil, através da composição Procissão, afirmou: “Eu também tô do lado de Jesus, No entanto, acho que ele se esqueceu de dizer que na terra a gente tem que arranjar um jeitinho pra viver" .
Certamente ele não havia tido contato com os pensamentos e ações de centenas de religiosos cristãos (bispos, padres, freiras e leigos) que, no final da década de 60, atuavam de forma discreta para tornar possível o sonho de transformar este mundo em “festa, trabalho e pão” como disse o compositor e parceiro tropicalista Capinam.
Provavelmente, ao mergulhar nas brenhas e veredas do Brasil, a partir de 2002, Gilberto Gil como ministro, pôde perceber os frutos maduros plantados por tantos cristãos, que nem sempre precisaram romper de forma radical com as estruturas religiosas, como o Padre Nando, do romance Quarup, de Antonio Calado.
Estes resultados, em termos de ação cultural, estão materializados em milhares de artistas e iniciativas socioculturais que foram alimentados no passado e ainda um pouco nos dias de hoje, pelo compromisso com as mudanças socioestruturais por parte da igreja católica no Brasil.
Quem se der ao cuidado de pesquisar este assunto a fundo, irá se deparar com uma significativa quantidade de artistas populares e intelectuais orgânicos que iniciaram suas trajetórias na seara de tantas comunidades cristãs de base.
Certamente ele não havia tido contato com os pensamentos e ações de centenas de religiosos cristãos (bispos, padres, freiras e leigos) que, no final da década de 60, atuavam de forma discreta para tornar possível o sonho de transformar este mundo em “festa, trabalho e pão” como disse o compositor e parceiro tropicalista Capinam.
Provavelmente, ao mergulhar nas brenhas e veredas do Brasil, a partir de 2002, Gilberto Gil como ministro, pôde perceber os frutos maduros plantados por tantos cristãos, que nem sempre precisaram romper de forma radical com as estruturas religiosas, como o Padre Nando, do romance Quarup, de Antonio Calado.
Estes resultados, em termos de ação cultural, estão materializados em milhares de artistas e iniciativas socioculturais que foram alimentados no passado e ainda um pouco nos dias de hoje, pelo compromisso com as mudanças socioestruturais por parte da igreja católica no Brasil.
Quem se der ao cuidado de pesquisar este assunto a fundo, irá se deparar com uma significativa quantidade de artistas populares e intelectuais orgânicos que iniciaram suas trajetórias na seara de tantas comunidades cristãs de base.
Leia mais:
http://www.overmundo.com.br/overblog/justica-e-beleza-se-abracam-na-obra-de-ze-vicente
ZÉ VICENTE. Quem é este cantor?
ALI ADIANTE
Zé Vicente
Tantos caminhos andados
tantos shows realizados
tantos olhares brilhantes
tantos abraços trocados
tantos carinhos queridos
tanto passado guardado
Chegamos.
É um outro tempo,
que seja novo!
Um descanso rápido,
um momento prá deitar na varanda
e escutar o bem-te-vi,
cochilar sonhando
com o que há de vir
de belo
de bênçãos
de canções...
Desço
ao meu riacho velho,
existe aí um fio d’água na areia
e avencas singelas na s barreiras!
Acalmo a sede,
contemplo a babugem verdinha
no rastro das chuvas de janeiro.
Silencio,
para sentir o cheiro da terra,
a fala da terra
o espírito da terra!
Reconheço-me
cada vez mais nativo
e todas as vibrações
das árvores, das flores, dos pássaros...
encontram eco em meu corpo.
Quando mais ando
mais retorno para as raízes
deste chão que me gerou.
Pela janela
desta hora
antevejo as bandeiras vivas,
erguidas há séculos,
nos braços teimosos do meu povo!
Vamos lá,
subamos juntos
sigamos juntos
marcando na agenda do futuro
o nosso compromisso
fiel e firme
com a felicidade
que já provamos e sabemos,
que pode estar ali... Adiante!
ORIGENS
Zé Vicente, José Vicente Filho, terceiro dos dez filhos de José Vicente Sobrinho, Zezinho Paraibano, como foi conhecido, e Susana de Oliveira Barros. O pai, como já diz seu nome popular, natural do município de Catolé do Rocha, na Paraíba; a mãe, cearense, do município de Orós.
Foi nessa Família de lavradores, gente simples, festiva, religiosa, apaixonada pela poesia de Cordel e Luiz Gonzaga, que Zé Vicente foi criado, e mesmo hoje, aos 50 anos e muitas viagens a serviço da arte, mantém-se ligado ao seu lugar, sua gente, suas raízes. Nos intervalos da agenda, lá vai ele, 450 quilômetros de estrada, para a roça, no Sítio Aroeiras-Orós, onde está sua mãe, hoje com 76 anos, alguns irmãos, parentes, amigos e sua horta, adubada com cartas recebidas de amigos(as) e admiradores(as), as árvores sobreviventes, as quais chama com os nomes de quem ama.
O ESTUDO
Desde a escolinha municipal, na vizinhança do Sítio Aroeiras, das professoras: Teresinha, Geraldinha, Petrina, até o Curso de Teologia com a orientação do DEPA – Departamento de Pesquisa e Assessoria, em Recife, entre 1981 a 1986, foram muitos caminhos. Concluiu primário no distrito de Guassussê, com provas de Admissão ao Ginásio, em Orós. Todo o Ginásio e 2º Grau foi na cidade de Iguatú, onde esteve plenamente engajado ao Movimento Estudantil, na Pastoral da Juventude. Aí iniciou sua carreira artística, sendo um dos fundadores do Grupo de Teatro Amador – TAI, escreveu, dirigiu e atuou como ator, durante os anos de 1974 a 1979. Neste período, deu seus primeiros passos no contato com o violão e criou seus primeiros versos poéticos de Cordel, poesia popular na Região Nordeste.
Ainda em Iguatú, compôs uma Equipe que produzia e apresentava um programa de Rádio destinado ao público jovem, comunicando poesias, noticias gerais, músicas, cartas, entrevistas etc. O programa: “Juventude em ação”, ia ao ar nas noites de sábado, pela Rádio Iracema de Iguatú. Todo o trabalho era numa visão mais crítica, o que implicou em pressão e conseqüente corte do programa, já que estávamos em pleno regime da Ditadura Militar.
Além do Estudo Escolar, Zé Vicente fez vários Cursos: Iniciação Cinematográfica, na Fundação Pe. Ibiapina em Crato-Ce, de Radialista, através do Sindicato dos Radialistas do Ceará, Curso de Formação Bíblica pelo CEBI – Centro de Estudos Bíblicos, Curso de Verão do CESEP-Centro Ecumênico de Serviço ~Evangelização e Educação Popular, em São Paulo, Curso de Inverno em João Pessoa, na Paraíba, nesses últimos já atuando como artista, cantor e animador.
TRABALHO PROFISSIONAL
Antes de 1988, quando passou a viver profissionalmente como Poeta e Cantor, Zé Vicente, além de lavrador, trabalhou como professor municipal em Orós, como Técnico em Orientação Comunitária, compondo uma Equipe de Coordenação de um Projeto para construção de 450 casas populares em regime de mutirão em Iguatu-Ceará, após as grandes enchentes de 1974.
Trabalhou, oito anos,como Agente de Pastoral, na Diocese de Crateús, nas áreas de Comunidades Eclesiais de Base, Pastoral da Terra e Radialista, produzindo e apresentando programas nas emissoras locais, com a Equipe de Comunicação da Diocese. Nessas área de Comunicação, Zé Vicente, foi criador, juntamente com outras pessoas, de dois Boletins Populares: “CONSTRUÇÃO” em Iguatu e “O ROCEIRO” em Crateús, este, ainda em circulação.
Hoje, a música e a poesia, através de Shows e Oficinas realizadas por todo o Brasil e em alguns países do exterior como a Nicarágua (em 1989), Itália (em 1992), África do Sul(em 2001) é a ação permanente, mas nem por isso, exclusiva na vida de Zé Vicente. Cada vez que retorna das viagens , está lá, na roça onde nasceu, na sua horta, revolvendo a terra-mãe, produzindo cartões ecológicos e animando os parentes e vizinhos para se organizarem, e buscarem juntos novas relações com a natureza e com os outros. Cultivando frutos e poesia, música e novas alternativas de vida.
CARREIRA ARTÍSTICA
A poesia está presente na vida de Zé Vicente desde criança, quando a família, cultivava o costume de recitação de Romances inteiros de Cordel, nas sombras das árvores, em baixo das latadas. Alguns tios e o próprio pai, decoravam partes ou textos integrais dos livretos de Cordel que eram recitados com vibração e graça à luz de lamparinas e de fogueiras.
Na Escola, desde cedo, Zé começou a participar das datas comemorativas, recitando poesias.
Por volta de 1975 a 1979, começou a compor versos. Alguns chegaram a ser publicados:
“Carta aos Brasileiros”-1978, baseado no documento, coordenado pelo jurista Gofredo da Silva Teles, lançado em São Paulo, exigindo a volta da democracia ao país.
“Os Direitos das Crianças”- em l979, no ano internacional da criança, publicado pela Editora Vozes.
“Frei Titto e o Dragão”- em l988, a biografia de Frei Tito de Alencar morto em conseqüência das torturas sofridas ao ser preso junto com outros companheiros dominicanos; publicado pelo CEPE, Centro Frei Tito, em São Paulo.
“Recado Nordestino”- em 1990, sobre a seca e o uso da mesma por grupos políticos corruptos.
“História do 1º.de Maio”- em l982, contando em cordel o histórico referente a data.
“A Saga do vô Manuel e Mãe das Dores” em l997 e 2001 – narrando em versos as histórias de seus avós paternos, pôr ocasião do centenários de nascimento dos mesmos.
“José de Nazaré” – 2002, para comemorar os 50 anos da devoção ao santo padroeiro da família, que ainda hoje festeja na casa da mãe do Zé, todo o mês de março.
E vários outros poemas.
Na música, Zé Vicente começou a compor e divulgar a partir de 1982, quando morava em Crateús –CE. Desde então gravou:
“Canto das Comunidades”. K-7 com cantos das CEBs.
Músicas: “Baião das Comunidades”, e “Quero ver
Acontecer” gravadas em disco por Paulinas-COMEP.
“Caminhos da América”. Pela Verbo Filmes – SP.
“Festa dos Pequenos”. COMEP, Paulinas.
“Em Canto”. Em K-7. Depois reproduzido em
disco pela COMEP em 1992 – em CD
“Sempre Vida”. COMEP, Paulinas.
“Acorde América”. K-7. Trabalho em sintonia com os
500 anos de colonização da América.
“ZÉ VICENTE, PRESENTE”. Pela COMEP. Disco, CD , K-7.
“PRESENTE, en español”. COMEP.CD
“NÓS”. K-7. Por ocasião da Turnê “Excluídos e
Excludentes” do MARCA, na Itália. MD STUDIO-Ce.
“Sol e Sonho”. CD- música-popular. COMEP.
“Nas horas de Deus, amém”. CD. Benditos populares
“Zé Vicente, Nativo” CD –Paulinas-COMEP
“Tempos Urgentes”- Livro com CD, de poemas. Paulinas.
“CANTAR”- CD para UNICEF, Ceará, canta e dirige a arte.
“Guassussê, Canto da Memória”- compondo oito músicas.
“Dádivas”- CD Celebrativo- Paulinas-COMEP (solo)
Além da produção e dos shows, Zé Vicente assessora Oficinas de Arte-Vida, com dinâmicas para sensibilização e capacitação de novos artistas e é um dos membros fundadores do MARCA – Movimento de Artistas da Caminhada, que reúne cerca de 200 (duzentos) artistas de várias modalidades da arte, em vários Estados do Brasil, desde l990.
Cantar com profunda convicção a fé que dá razão a esperança, a solidariedade, a liberdade, a vida, paz, a festa!
Fortaleza-CE, 2004
Zé Vicente
Tantos caminhos andados
tantos shows realizados
tantos olhares brilhantes
tantos abraços trocados
tantos carinhos queridos
tanto passado guardado
Chegamos.
É um outro tempo,
que seja novo!
Um descanso rápido,
um momento prá deitar na varanda
e escutar o bem-te-vi,
cochilar sonhando
com o que há de vir
de belo
de bênçãos
de canções...
Desço
ao meu riacho velho,
existe aí um fio d’água na areia
e avencas singelas na s barreiras!
Acalmo a sede,
contemplo a babugem verdinha
no rastro das chuvas de janeiro.
Silencio,
para sentir o cheiro da terra,
a fala da terra
o espírito da terra!
Reconheço-me
cada vez mais nativo
e todas as vibrações
das árvores, das flores, dos pássaros...
encontram eco em meu corpo.
Quando mais ando
mais retorno para as raízes
deste chão que me gerou.
Pela janela
desta hora
antevejo as bandeiras vivas,
erguidas há séculos,
nos braços teimosos do meu povo!
Vamos lá,
subamos juntos
sigamos juntos
marcando na agenda do futuro
o nosso compromisso
fiel e firme
com a felicidade
que já provamos e sabemos,
que pode estar ali... Adiante!
ORIGENS
Zé Vicente, José Vicente Filho, terceiro dos dez filhos de José Vicente Sobrinho, Zezinho Paraibano, como foi conhecido, e Susana de Oliveira Barros. O pai, como já diz seu nome popular, natural do município de Catolé do Rocha, na Paraíba; a mãe, cearense, do município de Orós.
Foi nessa Família de lavradores, gente simples, festiva, religiosa, apaixonada pela poesia de Cordel e Luiz Gonzaga, que Zé Vicente foi criado, e mesmo hoje, aos 50 anos e muitas viagens a serviço da arte, mantém-se ligado ao seu lugar, sua gente, suas raízes. Nos intervalos da agenda, lá vai ele, 450 quilômetros de estrada, para a roça, no Sítio Aroeiras-Orós, onde está sua mãe, hoje com 76 anos, alguns irmãos, parentes, amigos e sua horta, adubada com cartas recebidas de amigos(as) e admiradores(as), as árvores sobreviventes, as quais chama com os nomes de quem ama.
O ESTUDO
Desde a escolinha municipal, na vizinhança do Sítio Aroeiras, das professoras: Teresinha, Geraldinha, Petrina, até o Curso de Teologia com a orientação do DEPA – Departamento de Pesquisa e Assessoria, em Recife, entre 1981 a 1986, foram muitos caminhos. Concluiu primário no distrito de Guassussê, com provas de Admissão ao Ginásio, em Orós. Todo o Ginásio e 2º Grau foi na cidade de Iguatú, onde esteve plenamente engajado ao Movimento Estudantil, na Pastoral da Juventude. Aí iniciou sua carreira artística, sendo um dos fundadores do Grupo de Teatro Amador – TAI, escreveu, dirigiu e atuou como ator, durante os anos de 1974 a 1979. Neste período, deu seus primeiros passos no contato com o violão e criou seus primeiros versos poéticos de Cordel, poesia popular na Região Nordeste.
Ainda em Iguatú, compôs uma Equipe que produzia e apresentava um programa de Rádio destinado ao público jovem, comunicando poesias, noticias gerais, músicas, cartas, entrevistas etc. O programa: “Juventude em ação”, ia ao ar nas noites de sábado, pela Rádio Iracema de Iguatú. Todo o trabalho era numa visão mais crítica, o que implicou em pressão e conseqüente corte do programa, já que estávamos em pleno regime da Ditadura Militar.
Além do Estudo Escolar, Zé Vicente fez vários Cursos: Iniciação Cinematográfica, na Fundação Pe. Ibiapina em Crato-Ce, de Radialista, através do Sindicato dos Radialistas do Ceará, Curso de Formação Bíblica pelo CEBI – Centro de Estudos Bíblicos, Curso de Verão do CESEP-Centro Ecumênico de Serviço ~Evangelização e Educação Popular, em São Paulo, Curso de Inverno em João Pessoa, na Paraíba, nesses últimos já atuando como artista, cantor e animador.
TRABALHO PROFISSIONAL
Antes de 1988, quando passou a viver profissionalmente como Poeta e Cantor, Zé Vicente, além de lavrador, trabalhou como professor municipal em Orós, como Técnico em Orientação Comunitária, compondo uma Equipe de Coordenação de um Projeto para construção de 450 casas populares em regime de mutirão em Iguatu-Ceará, após as grandes enchentes de 1974.
Trabalhou, oito anos,como Agente de Pastoral, na Diocese de Crateús, nas áreas de Comunidades Eclesiais de Base, Pastoral da Terra e Radialista, produzindo e apresentando programas nas emissoras locais, com a Equipe de Comunicação da Diocese. Nessas área de Comunicação, Zé Vicente, foi criador, juntamente com outras pessoas, de dois Boletins Populares: “CONSTRUÇÃO” em Iguatu e “O ROCEIRO” em Crateús, este, ainda em circulação.
Hoje, a música e a poesia, através de Shows e Oficinas realizadas por todo o Brasil e em alguns países do exterior como a Nicarágua (em 1989), Itália (em 1992), África do Sul(em 2001) é a ação permanente, mas nem por isso, exclusiva na vida de Zé Vicente. Cada vez que retorna das viagens , está lá, na roça onde nasceu, na sua horta, revolvendo a terra-mãe, produzindo cartões ecológicos e animando os parentes e vizinhos para se organizarem, e buscarem juntos novas relações com a natureza e com os outros. Cultivando frutos e poesia, música e novas alternativas de vida.
CARREIRA ARTÍSTICA
A poesia está presente na vida de Zé Vicente desde criança, quando a família, cultivava o costume de recitação de Romances inteiros de Cordel, nas sombras das árvores, em baixo das latadas. Alguns tios e o próprio pai, decoravam partes ou textos integrais dos livretos de Cordel que eram recitados com vibração e graça à luz de lamparinas e de fogueiras.
Na Escola, desde cedo, Zé começou a participar das datas comemorativas, recitando poesias.
Por volta de 1975 a 1979, começou a compor versos. Alguns chegaram a ser publicados:
“Carta aos Brasileiros”-1978, baseado no documento, coordenado pelo jurista Gofredo da Silva Teles, lançado em São Paulo, exigindo a volta da democracia ao país.
“Os Direitos das Crianças”- em l979, no ano internacional da criança, publicado pela Editora Vozes.
“Frei Titto e o Dragão”- em l988, a biografia de Frei Tito de Alencar morto em conseqüência das torturas sofridas ao ser preso junto com outros companheiros dominicanos; publicado pelo CEPE, Centro Frei Tito, em São Paulo.
“Recado Nordestino”- em 1990, sobre a seca e o uso da mesma por grupos políticos corruptos.
“História do 1º.de Maio”- em l982, contando em cordel o histórico referente a data.
“A Saga do vô Manuel e Mãe das Dores” em l997 e 2001 – narrando em versos as histórias de seus avós paternos, pôr ocasião do centenários de nascimento dos mesmos.
“José de Nazaré” – 2002, para comemorar os 50 anos da devoção ao santo padroeiro da família, que ainda hoje festeja na casa da mãe do Zé, todo o mês de março.
E vários outros poemas.
Na música, Zé Vicente começou a compor e divulgar a partir de 1982, quando morava em Crateús –CE. Desde então gravou:
“Canto das Comunidades”. K-7 com cantos das CEBs.
Músicas: “Baião das Comunidades”, e “Quero ver
Acontecer” gravadas em disco por Paulinas-COMEP.
“Caminhos da América”. Pela Verbo Filmes – SP.
“Festa dos Pequenos”. COMEP, Paulinas.
“Em Canto”. Em K-7. Depois reproduzido em
disco pela COMEP em 1992 – em CD
“Sempre Vida”. COMEP, Paulinas.
“Acorde América”. K-7. Trabalho em sintonia com os
500 anos de colonização da América.
“ZÉ VICENTE, PRESENTE”. Pela COMEP. Disco, CD , K-7.
“PRESENTE, en español”. COMEP.CD
“NÓS”. K-7. Por ocasião da Turnê “Excluídos e
Excludentes” do MARCA, na Itália. MD STUDIO-Ce.
“Sol e Sonho”. CD- música-popular. COMEP.
“Nas horas de Deus, amém”. CD. Benditos populares
“Zé Vicente, Nativo” CD –Paulinas-COMEP
“Tempos Urgentes”- Livro com CD, de poemas. Paulinas.
“CANTAR”- CD para UNICEF, Ceará, canta e dirige a arte.
“Guassussê, Canto da Memória”- compondo oito músicas.
“Dádivas”- CD Celebrativo- Paulinas-COMEP (solo)
Além da produção e dos shows, Zé Vicente assessora Oficinas de Arte-Vida, com dinâmicas para sensibilização e capacitação de novos artistas e é um dos membros fundadores do MARCA – Movimento de Artistas da Caminhada, que reúne cerca de 200 (duzentos) artistas de várias modalidades da arte, em vários Estados do Brasil, desde l990.
Cantar com profunda convicção a fé que dá razão a esperança, a solidariedade, a liberdade, a vida, paz, a festa!
Fortaleza-CE, 2004
2 comentários:
- Eu sou muito fã do Zé vicente. gosto das suas musicas e poesias. e o meu maior somhor é conhecer-lo. e realizar um dos seus show em minha diocese...sul do Pará. Ronildo coor. diocesano da Pastoral da juventude.
- Desde a década de oitenta passei a ser um grande admirador do trabalho de Zé Vicente como cantor e compositor, pois não conheço seus poemas. Nas minhas idas a Belém sempre procuro seus lançamentos, principalmnete de um DVD que espero não demore. Sou Cláudio Chagas de Vila Maú - Marapanim - Pará.
Leia sobre o Sertão Vivo, projeto idealizado e realizado por uma equipe liderada por Zé Vicente. AQUI
Músicas do Zé Vicente para ouvir e baixar.
Meu canto, minha arma. AQUI
O que vale é o amor. AQUI
Primeira parte do vídeo de apresentação e reflexão sobre "Fraternidade e a Vida no Planeta", tema da Campanha da Fraternidade 2011, realizada pela Igreja Católica durante a Quaresma.
Equipe técnica
Direção, edição e trilha musical: Cirineu Kuhn, svd
Supervisão: Padres Luiz Carlos Dias e Valdeir dos Santos Goulart
Co-produção: Edições CNBB e Verbo Filmes
Equipe técnica
Direção, edição e trilha musical: Cirineu Kuhn, svd
Supervisão: Padres Luiz Carlos Dias e Valdeir dos Santos Goulart
Co-produção: Edições CNBB e Verbo Filmes
SOS Mata Atlântica lança Plataforma Ambiental aos Municípios 2012
01/08/2012
Documento tem objetivo de engajar o eleitor e apresentar as principais questões ambientais e seus desafios
A Fundação SOS Mata Atlântica, em parceria com a Frente Parlamentar Ambientalista e a Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (ANAMMA), acaba de lançar a Plataforma Ambiental aos Municípios 2012. O documento apresenta os principais pontos da agenda socioambiental que precisam ser discutidos, respondidos e solucionados pelos próximos dirigentes dos municípios. A plataforma funciona como um instrumento de apoio ao cidadão eleitor, contribuindo no momento da escolha de seu candidato e na hora de cobrar propostas e resultados. Além disso, ela serve também para os próprios políticos, que poderão utilizá-la e incorporar os temas em seu Plano de Governo.
A plataforma apresenta contribuições que podem ser incorporadas aos 3.222 municípios brasileiros que possuem, em seus territórios, o bioma Mata Atlântica, de acordo com a legislação vigente, que define os limites no Mapa de aplicação da Lei. O intuito é de mobilizar os eleitores destas cidades, incentivando-os a entregar o documento aos seus candidatos – pessoalmente, por e-mail ou correio – e pedir seu comprometimento público.
“Esta é a plataforma da cidadania, de engajamento e compromisso que o cidadão apresenta ao seu candidato. Com ela, damos continuidade ao processo de formação política com foco nas questões ambientais, como já temos feito, há várias eleições e, mais recentemente, com a Frente Parlamentar Ambientalista”, destaca Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica.
As propostas têm como base cinco eixos: desenvolvimento sustentável, clima, educação, saúde e saneamento básico. Dentro deles, apresenta sugestões e obrigações a serem seguidas, como implantar a Política Municipal de Meio Ambiente e o Sistema Municipal de Informações sobre Meio Ambiente; elaborar o Plano Diretor, respeitando os zoneamentos ambientais e elaborar o Plano Municipal da Mata Atlântica, que tem a meta de criar novas unidades de conservação, formar corredores ecológicos, identificar as áreas de preservação permanente e outras de interesse ambiental.
Para a coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, todos devem ter compromisso com o voto, pois a população também tem parcela de responsabilidade do que acontece na política. “Está em nossas mãos reverter o retrocesso e eleger pessoas que tenham interesse em fazer a diferença. Reclamamos dos políticos, como se não fossemos nós quem os elegeu, mas esta é a consequência de um voto sem compromisso”.
É possível fazer o download da Plataforma Ambiental, na íntegra, pelo linkhttp://www.sosma.org.br/projeto/plataforma-ambiental/plataforma-ambiental-para-o-brasil/. Nesse link, os eleitores e candidatos também podem aderir à iniciativa, nas seções “Inscreva-se eleitor” e “Inscreva-se candidato”; e conferir a agenda de lançamento da Plataforma Ambiental nas capitais.
A Plataforma Ambiental aos Municípios 2012 apoia o Programa Cidades Sustentáveis, ferramenta que também oferece aos candidatos às eleições uma agenda de sustentabilidade urbana como referências a serem seguidas pelos gestores públicos.
- Confira o Boletim de Rádio sobre o assunto:
A vida no planeta
Depois da RIO + 20 parece que certo desânimo tomou conta de algumas organizações que lutam pelo meio ambiente. As decisões foram tímidas e a sociedade organizada se pergunta: até quando conviveremos com tanta incerteza? Os próximos meses e anos com a insistência da "crise econômica" na Europa não oferece a humanidade grandes esperanças. O momento é deveras delicado. Num texto emblemático Leonardo Boff aponta:
"Depois das crises que afligem toda a humanidade, particularmente a do aquecimento global, da insustentabilidade do planeta Terra e ultimamente da econômico-financeira, atingindo o coração dos países opulentos, o crescimento do fundamentalismo e a permanente ameaça do terrorismo, os cenários dramáticos que muitos analistas sérios desenham para o próximo futuro da Terra, da Humanidade, da vida[1] ...", completamos, não são animadores. A primazia do econômico sobre o social tem sido a grande mazela da nossa civilização ocidental.
As futuras gerações terão um papel fundamental na disputa pela sustentabilidade do planeta. O sistema necrófilo que alimentamos após a Revolução Industrial, precisa mudar rapidamente. Quem da nossa geração - década de 1960 - não se lembra dos engajamentos sociais e políticos durante a ditadura militar no Brasil? Quem não recorda a formação de uma base utópica em meio às religiões e a sociedade da época? Bons tempos. Só que, passaram. O crivo de análise é outro. O subjetivismo exacerbado que vivemos hoje nos aproxima incomensuravelmente da indiferença e da negação do outro. É preciso rever esse quadro.
Nossa geração necessita de uma marca indelével para substituir a depredação do meio-ambiente. E, em coisas pequenas e simples podemos mudar. Tomar atitudes que revelem o lado místico e mistérico de homens e mulheres mais espiritualizados. Esse combate já se iniciou e com palavras motivadoras, Boff nos apresenta esse caminho como essencial:
"Do capital material somos forçados passar ao capital espiritual. O capital material tem limites e se exaure. O espiritual, é infinito e inexaurível. O capital espiritual feito de amor, de compaixão, de cuidado, de criatividade, realidades intangíveis e valores infinitos que não há limites[2] "
Na comunidade eclesial e com a ONG Ação Cultural, queremos esse ano dá mais um passo na conquista desse equilíbrio entre o ser humano, a natureza e a vida de fé sem limites. Estamos preparando para setembro a II Jornada Ecologia e Espiritualidade com Zé Vicente. Venha e some-se a nossa luta e ardente desejo de justiça, solidariedade equilíbrio ambiental e espiritual.
José Soares de Jesus
O olhar do Pe. Soares sobre a primeira reunião preparatória da segunda jornada ecológica. AQUI
De 25 a 27/05/2012, em Januária, Norte de Minas Gerais, aconteceu o III Encontro da Articulação Popular da bacia do Rio São Francisco. Soraya Fanini ajudou na Análise de conjuntura. Fez uma análise a partir da crise internacional, demonstrou como o Brasil se tornou uma Empresa Brasil desde 1.500, um fazendão para produzir matérias-primas, mercadorias para o 1º mundo, para a China etc. Defendeu um projeto popular de revitalização da bacia do rio São Francisco. Cf. nesse vídeo aqui. Eu, Gilvander Luís Moreira, gravei parte da análise feita pela Soraya Fanini. Belo Horizonte, MG, Brasil, 30/05/2012.
02/08/2012
Foto: Roberto Malvezzi / Arquivo Pessoal
Nem toda a terra está disponível para o ser humano
Entrevista com Roberto Malvezzi,
especialista em temas socioambientais da Comissão Pastoral da Terra do São Francisco
especialista em temas socioambientais da Comissão Pastoral da Terra do São Francisco
Fazendo o caminho inverso de muitos brasileiros que até hoje fogem da seca, o paulista Roberto Malvezzi migrou para o Nordeste nos anos 1980, onde mergulhou na realidade sertaneja na divisa da Bahia com o Piauí, às margens do São Francisco. Vivendo as lutas pela terra e pela água junto às populações pobres, descobriu que a opressão e o descaso das políticas públicas podem ser combatidos com mobilização social. Nessa entrevista concedida ao Comitê Brasil em Defesa das Florestas, o filósofo militante avalia a tramitação do novo Código Florestal, o papel de parlamentares e do Governo no desmonte da legislação ambiental brasileira e alerta que, no futuro, a avaliação desses governos pode ser bem diferente. Confira abaixo os principais trechos.
Comitê Brasil em Defesa das Florestas – Conte um pouco sobre sua trajetória.
Roberto Malvezzi – Nasci em 1953 na pequena cidade de Potirendaba (SP). Saí de lá com 14 anos. Fiz Filosofia, Teologia e Ciências Sociais. Fui seminarista durante anos. Em 1979, vim ao sertão da Bahia, na divisa com São Raimundo Nonato (PI). O pessoal que trabalhava na paróquia trazia gente do Sul de ônibus e ficávamos nas comunidades, alfabetizando as crianças. Estava terminando o Regime Militar, começando as greves do ABC, a ideia do PT e do sindicalismo. Em janeiro de 1980, decidi morar em Campo Alegre de Lourdes (BA) por três anos. Na época, estava sendo concluída a Barragem de Sobradinho, o que provocou a realocação de quatro cidades: Casanova, Remanso, Sento Sé e Pilão Arcado. Lá viviam 72 mil pessoas. Os prefeitos eram nomeados pelo presidente da República, não tínhamos partidos ou sindicatos na região. Foi a Igreja que assumiu esse papel de organizar a população, de tentar dar apoio diante do caos. Após esses três anos, larguei o seminário. Depois de cinco, me casei. Acabei ficando e já são mais de 30 anos.
Roberto Malvezzi – Nasci em 1953 na pequena cidade de Potirendaba (SP). Saí de lá com 14 anos. Fiz Filosofia, Teologia e Ciências Sociais. Fui seminarista durante anos. Em 1979, vim ao sertão da Bahia, na divisa com São Raimundo Nonato (PI). O pessoal que trabalhava na paróquia trazia gente do Sul de ônibus e ficávamos nas comunidades, alfabetizando as crianças. Estava terminando o Regime Militar, começando as greves do ABC, a ideia do PT e do sindicalismo. Em janeiro de 1980, decidi morar em Campo Alegre de Lourdes (BA) por três anos. Na época, estava sendo concluída a Barragem de Sobradinho, o que provocou a realocação de quatro cidades: Casanova, Remanso, Sento Sé e Pilão Arcado. Lá viviam 72 mil pessoas. Os prefeitos eram nomeados pelo presidente da República, não tínhamos partidos ou sindicatos na região. Foi a Igreja que assumiu esse papel de organizar a população, de tentar dar apoio diante do caos. Após esses três anos, larguei o seminário. Depois de cinco, me casei. Acabei ficando e já são mais de 30 anos.
CBDF – Em seu trabalho na Comissão Pastoral da Terra (CPT), o que você tem vivenciado no sertão do São Francisco?
RM – Aqui a CPT surgiu em função das necessidades da população de Sobradinho. Com a construção da barragem, fomos entrando muito nas questões de pobreza, de água. Em Campo Alegre de Lourdes não tem rios. A única água lá é a de chuva. Então veio a seca de 1982, naquele tempo sem infraestrutura. O que a gente viu foi migração, sofrimento humano e mortalidade infantil. A gente pensou que podia levantar nomes de pessoas mortas pela seca. Em poucos municípios, foram mais de 7 mil nomes. Vimos que não conseguiríamos jamais fazer esse levantamento. A projeção à época foi é de que mais de 1 milhão de pessoas tenham morrido de fome, de sede, de inanição. Então, entrou muito a luta da água, a partir de uma necessidade concreta, que é a luta pela terra.
RM – Aqui a CPT surgiu em função das necessidades da população de Sobradinho. Com a construção da barragem, fomos entrando muito nas questões de pobreza, de água. Em Campo Alegre de Lourdes não tem rios. A única água lá é a de chuva. Então veio a seca de 1982, naquele tempo sem infraestrutura. O que a gente viu foi migração, sofrimento humano e mortalidade infantil. A gente pensou que podia levantar nomes de pessoas mortas pela seca. Em poucos municípios, foram mais de 7 mil nomes. Vimos que não conseguiríamos jamais fazer esse levantamento. A projeção à época foi é de que mais de 1 milhão de pessoas tenham morrido de fome, de sede, de inanição. Então, entrou muito a luta da água, a partir de uma necessidade concreta, que é a luta pela terra.
CBDF – O papel da sociedade civil é fundamental nessas lutas, inclusive na do Código Florestal. Você poderia relembrar o contexto da tramitação da lei no Congresso e as partes envolvidas nessa história?
RM – Fui membro da equipe da CNBB que elaborou o texto base da Campanha da Fraternidade da Água, em 2004. E tivemos de recorrer ao Código Florestal, porque a Lei Brasileira de Recursos Hídricos, a 9.433/1997, não toca na proteção dos mananciais. No Código estava a proteção das nascentes, das matas ciliares em torno dos rios, das encostas. A gente dizia: ‘Isso já é lei, mas não funciona na prática. As matas ciliares, as nascentes e as encostas não estão sendo respeitadas’. Pelo Código Florestal que tínhamos, tinha que ter mata ciliar de 500 metros em cada margem do São Francisco. Hoje, ele tem apenas 5% de mata ciliar. Então, pode-se imaginar o que significaria hoje se a lei obrigasse os latifundiários a recompor as matas nas margens do rio. Estamos passando por um desmonte da legislação ambiental do Brasil em função de crimes ambientais que foram cometidos. É uma reação às exigências legais que começaram a pesar sobre quem cometeu esses crimes. A grande bancada ruralista, que tem poder no Congresso e já não tinha como evitar multas por seus crimes, partiu para o desmonte da lei. Mesmo com o veto parcial da Dilma e com as mudanças que ela propôs, o resultado final não terá mais nada a ver com o Código Florestal que tínhamos.
RM – Fui membro da equipe da CNBB que elaborou o texto base da Campanha da Fraternidade da Água, em 2004. E tivemos de recorrer ao Código Florestal, porque a Lei Brasileira de Recursos Hídricos, a 9.433/1997, não toca na proteção dos mananciais. No Código estava a proteção das nascentes, das matas ciliares em torno dos rios, das encostas. A gente dizia: ‘Isso já é lei, mas não funciona na prática. As matas ciliares, as nascentes e as encostas não estão sendo respeitadas’. Pelo Código Florestal que tínhamos, tinha que ter mata ciliar de 500 metros em cada margem do São Francisco. Hoje, ele tem apenas 5% de mata ciliar. Então, pode-se imaginar o que significaria hoje se a lei obrigasse os latifundiários a recompor as matas nas margens do rio. Estamos passando por um desmonte da legislação ambiental do Brasil em função de crimes ambientais que foram cometidos. É uma reação às exigências legais que começaram a pesar sobre quem cometeu esses crimes. A grande bancada ruralista, que tem poder no Congresso e já não tinha como evitar multas por seus crimes, partiu para o desmonte da lei. Mesmo com o veto parcial da Dilma e com as mudanças que ela propôs, o resultado final não terá mais nada a ver com o Código Florestal que tínhamos.
CDBF – No fim das contas, o código foi desfigurado.
RM - Absolutamente desfigurado, e sem que a gente saiba exatamente aonde vai chegar, porque a lei ainda está sendo alterada. Tem muita coisa nos detalhes, e é nos detalhes que o diabo mora.
RM - Absolutamente desfigurado, e sem que a gente saiba exatamente aonde vai chegar, porque a lei ainda está sendo alterada. Tem muita coisa nos detalhes, e é nos detalhes que o diabo mora.
CBDF – E quem são os atores chave que estão capitaneando esse desmonte?
RM – A bancada ruralista. Não é fácil detectar quem se alia a ela, mas há indícios, observando a última votação sobre o Código Florestal. O que chamávamos de esquerda acabou votando com os ruralistas. E o governo não só se omitiu, mas permitiu que o projeto dos ruralistas andasse com toda a tranquilidade. Depois, tentou adiar, postergar. Grande parte dos deputados, inclusive do PT, tem no caixa de campanha só financiamento de empresas do agronegócio.
RM – A bancada ruralista. Não é fácil detectar quem se alia a ela, mas há indícios, observando a última votação sobre o Código Florestal. O que chamávamos de esquerda acabou votando com os ruralistas. E o governo não só se omitiu, mas permitiu que o projeto dos ruralistas andasse com toda a tranquilidade. Depois, tentou adiar, postergar. Grande parte dos deputados, inclusive do PT, tem no caixa de campanha só financiamento de empresas do agronegócio.
CBDF – Eles traíram as origens?
RM – Sim, dá para usar essa expressão.
RM – Sim, dá para usar essa expressão.
CBDF – Quais seriam alguns desses partidos?
RM – PT, PCdoB, todos esses partidos aí votaram na sua grande maioria com os ruralistas. Nem falo do PMDB e de outros, que já são do mundo das oligarquias.
RM – PT, PCdoB, todos esses partidos aí votaram na sua grande maioria com os ruralistas. Nem falo do PMDB e de outros, que já são do mundo das oligarquias.
CBDF – Os pequenos produtores têm sido usados como massa de manobra para reduzir a proteção das florestas. Que efeitos desse novo “Código Florestal”você vê justamente sobre os pequenos?
RM – Lideranças com tradição entre os movimentos sociais tiveram uma atitude complicada na defesa dos pequenos agricultores com foco na ideia de que se você tem pouca terra e for colocar o que o Código exigia você reduzia a área produtiva dos pequenos agricultores. Mas, desde o começo, sempre foi possível fazer um discernimento entre os pequenos e os grandes agricultores. Para os pequenos, você abre casos especiais. Mas de forma geral, o que está acontecendo? Estamos inviabilizando a vida de milhares de pequenos proprietários em nome da produção, porque você solapa as bases naturais da pequena propriedade. Estivemos em maio em Januária (MG), na região do rio dos Cochos. O rio tinha morrido e as comunidades estavam indo embora. Mas eles mesmos fizeram trabalho de recomposição da mata ciliar E o rio voltou a correr e a abastecer outras comunidades que ficaram sem água. A gente tem notícia de que mais de 1.200 rios desse tipo, do norte de Minas, que são afluentes do São Francisco, morreram em função da agricultura comercial que tomou espaços que eram da água. Tem que colocar esse dilema para os pequenos agricultores.
RM – Lideranças com tradição entre os movimentos sociais tiveram uma atitude complicada na defesa dos pequenos agricultores com foco na ideia de que se você tem pouca terra e for colocar o que o Código exigia você reduzia a área produtiva dos pequenos agricultores. Mas, desde o começo, sempre foi possível fazer um discernimento entre os pequenos e os grandes agricultores. Para os pequenos, você abre casos especiais. Mas de forma geral, o que está acontecendo? Estamos inviabilizando a vida de milhares de pequenos proprietários em nome da produção, porque você solapa as bases naturais da pequena propriedade. Estivemos em maio em Januária (MG), na região do rio dos Cochos. O rio tinha morrido e as comunidades estavam indo embora. Mas eles mesmos fizeram trabalho de recomposição da mata ciliar E o rio voltou a correr e a abastecer outras comunidades que ficaram sem água. A gente tem notícia de que mais de 1.200 rios desse tipo, do norte de Minas, que são afluentes do São Francisco, morreram em função da agricultura comercial que tomou espaços que eram da água. Tem que colocar esse dilema para os pequenos agricultores.
CBDF – A legislação em vigor amplia a possibilidade de uso da terra. Na prática, o que isso significa para os produtores?RM – O agronegócio já deixou para trás pelo menos 80 milhões de hectares de terras degradadas. Para esse grupo é mais fácil avançar sobre novas áreas, nem que seja para também degradá-las, do que recuperar o que foi degradado. Esse é o custo que eles não querem pagar – por isso mudaram a legislação para ter ‘segurança jurídica’. Não fosse o papel desenvolvido por inúmeras populações, a Caatinga não teria cerca de 50% preservados. Mas os grandes latifúndios do Nordeste, se quiserem expandir o desmatamento, estão autorizados por lei. Este ano secaram os aquíferos do Platô de Irecê, no semiárido baiano. Agora falta água até para beber. O mesmo pode acontecer no oeste do Estado, no chamado “mundo do agronegócio”, onde querem dispensar as outorgas que limitam o uso de água subterrânea.
CBDF – Alterar o Código Florestal e ampliar o uso da terra não reduz a importância de economias que aproveitem as florestas em pé e não emperra a tramitação de legislações como a do pagamento por serviços ambientais?
RM – Sem dúvida. E não podemos esquecer que nem toda a terra está disponível para o ser humano ou para a agricultura. O planeta tem exigências próprias, de respiração, de oxigenação, do ciclo do carbono. Mas é muito difícil levar esses valores a pessoas que enxergam pouco mais que os limites da propriedade.
CBDF – O atual Código Florestal reduz de forma geral a proteção das matas nas margens de rios e córregos, especialmente dos de pequeno porte. Qual o risco para os mananciais do país?
RM – As faixas entre 30 e 500 metros de vegetação na margem dos rios, dependendo de sua largura, já não eram respeitadas, mas se tinha por onde brigar. Agora, temos faixas de apenas 5 metros para os cursos menores. Sem a vegetação, a água penetra menos no solo e as enchentes ganham força e velocidade. Essa realidade geradora de tragédias foi esquecida na reforma do Código Florestal.
CBDF – A destruição da legislação florestal não é um fato isolado. Redução de áreas protegidas, descaso com indígenas e outras populações tradicionais e enfraquecimento de órgãos ambientais fazem parte de um quadro de franco retrocesso. O que está acontecendo com o Brasil?
RM – Levamos décadas construindo uma legislação socioambiental, mas agora enfrentamos uma prevalência absoluta de uma lógica econômica que pretende derrubar tudo o que entende como obstáculo a seu projeto desenvolvimentista. Como o próprio Lula declarou em 2006, ‘as questões dos índios, quilombolas, ambientalistas e Ministério Público travam o desenvolvimento do País’. Esse é o pano de fundo do projeto de desenvolvimento em curso.
CBDF – A campanha Floresta faz a Diferença foi um marco frente às mobilizações sociais da história recente do Brasil. A sanção parcial da presidente complicou ainda mais o futuro do Código Florestal. Qual a sua avaliação sobre esses movimentos?
RM – Avalio que deslanchamos um processo que alcançou a consciência da sociedade brasileira. As pessoas sabem o que está acontecendo. Pesquisas de opinião pública e outros indicadores deixaram claro que a grande maioria da população era contra mudanças no Código Florestal. Por outro lado, ficou cada vez mais evidente o fosso entre o que a sociedade quer e o que a classe política faz.
CBDF – Qual seria a mensagem para a população entender um pouco desse momento do país?
RM – É um momento de grandes adversidades. O povo brasileiro tem um contentamento muito grande com o governo Lula / Dilma porque muitas dessas políticas sociais foram e são muito importantes para a população, trazendo uma resposta mais imediata às questões da fome, da eletricidade, das moradias. Isso tudo é essencial. Mas o problema é o país que esse Governo está plantando para o futuro. Pode ser que, no futuro, a avaliação desses governos seja bem diferente.
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